Se há um problema administrativo que o caso do “assédio moral” no
Consulado em Sydney traz à tona, é o da competência dos diplomatas quanto à
gestão humana. Não podemos deixar de lado o fato de o Ministério ser uma
organização, com todos os problemas acarretados pela convivência “forçada” de
indivíduos: dissensos ocorrem com freqüência, e viver respeitando a diversidade
de personalidades é uma tarefa complexa.
Tendo isso em mente, é sensato pensar que os administradores deveriam ter
um treinamento na área de gestão e recursos humanos, nem que seja do mais raso,
para conseguir abarcar problemas organizacionais referentes ao capital humano.
E quem são os administradores no Itamaraty? Diplomatas. E podemos ver nos
editais para o concurso que não há uma exigência sequer de conhecimento na área
de gestão organizacional. O sujeito pode narrar sobre a conjuntura política do
Segundo Império, e estar inapto para resolver problemas reais do seu mundo de
trabalho.
A falta de tato da administração superior para essa carência (preferem
deixá-los “independentes”) faz surgir bizarrices como o caso do Consulado em
Sydney: em que organização sensata, estaria uma pessoa como o Sr. Fontenelle
“liderando” uma equipe? Claro que não é um problema só do Itamaraty, mas ele
está lá de forma marcante: estamos contratando eruditos, que mais satisfazem o
perfil de “solitários de escritório”, quando muitas vezes, na competência de
administradores, são chamados a resolver conflitos reais intrínsecos ao mundo
do trabalho para os quais não estão preparados.
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