Ontem, na CBN, escutei um youtuber chamado Felipe Castanhari falando sobre entretenimento. O Youtube, disse, é muito diferente do modo tevê/rádio de criar conteúdo para entreter. E citou como exemplo seu primo de oito anos, já um youtubeiro.
O menino assiste aos vídeos com a seta do mouse em cima do botão X da aba do navegador: ele quer apenas
uma razão para fechar o vídeo. Se há uma pausa, um mísero momento de "zero-entretenimento", ele fecha a janela.
Castanhari diz que esse é um dos aspectos diferenciais de vídeos do Youtube: há muitos cortes para minimizar as pausas e comprimir ao máximo o conteúdo naquilo que seria relevante.
Sinceramente, para mim isso é algo preocupante. Tem a ver com
um assunto que já escrevi anteriormente: as pessoas querem se divertir o tempo todo, e ignoram a necessidade da chatice e frustração na construção do caráter. Errando que se aprende tem sua versão no entretenimento: às vezes a diversão está em andar por um caminho difícil, penoso, para depois ser premiado. Isto é divertido também!
Não sei se há de fato uma acentuação do fenômeno. É apenas uma impressão: as pessoas estão cada vez mais folgadas, querendo tudo de mão beijada. Posso estar enganado; mas isso parece uma consequência lógica da modernização, afinal, se a dificuldade gera o esforço, a facilidade deve gerar algo contrário. Não?
Costumo ser cético quanto a essas percepções. "O mundo não é mais o mesmo." "As pessoas estão mudadas." "Tá tudo diferente."Vejo com maus olhos,
apesar de haver estudos confiáveis. Mesmo que haja essa aceleração da vida, que deixa os jovens menos concentrados, indispostos a ficar 30 minutos pensando num assunto e perdendo rapidamente o interesse por algo que desviou um pouquinho da rota da diversão, enfim, mesmo que haja isso, ainda há jogos como
Dark Souls, que exigem uma paciência de Jó. E fazem sucesso.
Mesmo que estejamos na era da aceleração, ainda temos aqueles que veem na dificuldade e superação uma fonte de entretenimento, quiçá superior a todas as outras.