Filme "Amor, Estranho Amor".
Em uma conversa despretensiosa de dois
amigos jovens (G e H), o assunto centra-se em Xuxa Meneghel ,
outrora conhecida como Rainha dos Baixinhos. Estando ambos na faixa dos vinte e
sendo brasileiros, conviveram com a figura midiática da loira ao longo de suas
vidas. As lembranças mais vivas são obviamente as polêmicas envolvendo a
“animadora de criança”. O filme de caráter pedófilo e sua cena histórica, da
moça oferecendo o peito para um menino brincar tornou-se referência para
muitos, quando se fala em Xuxa.
Os dois amigos tratam de não quebrar esse
padrão, afinal, o mais interessante em Xuxa é sua vida sexual. O resto que se
foda! Eles teorizam que a Xuxa deve gostar muito de sexo porque desde cedo
esteve em contato com ele. Essa imagem foi reforçada pela entrevista que a
Rainha deu ao “Fantástico”, na qual conta que sofreu abuso quando púbere. G
assistiu à entrevista, enquanto H apenas soube de sua existência.
E a conversa segue nesse tom. Na mente dos
dois, a imagem da “Xuxa safada” reforça-se pelo vídeo “Ta duro, Mussum”, que
ambos assistiram no YouTube. No vídeo Mussum dá uma encoxada em Xuxa e ela
sente a jeba dele, afirmando que ela está erguida!
Falam de Pelé e Senna. A Rainha dos
Baixinhos fornicou com o Rei da Bola e o Rei das Pistas (mas em momentos
distintos). G diz ao amigo: “Só faltou o Rei do Pop” – A loira em um momento
esteve atraída pelo astro Michael Jackson e desejava fazer sexo com ele.
A afirmação de G sobre a pretensão de Xuxa
deixou H espantado e com a cabeça quente. “Quem gostaria de transar com aquele
cara bizarro?”, H imaginou que Xuxa deveria ter algum problema mental para
justificar esse seu interesse, talvez algo a ver com fetiche por “Reis”.
A surpresa e energia de H dedicada a essa
“lombra” foi reforçada (talvez inconscientemente) pelo fato de G ter assistido
à entrevista de Xuxa no Fanstástico e H não. Ou então H assumiu que G soube do
fato por algum medium semelhante.
No dia seguinte, H descobre que a “lombra
do Michael” foi veiculada por Gil Brother, em seu canal “Away Nilzer” do
YouTube. Gil Brother é um doidão que pega vários assuntos circulando pela
Internet e comenta de maneira peculiar, com uma grande dose de xingamentos e
sermões, além de sua imaginação ter grande influência em como ele percebe o
assunto.
H fica desconcertado ao perceber que Xuxa
não queria transar com Michael. Algumas pessoas imaginaram isso apenas. Toda
sua maquinação mental do dia anterior desperdiçada! O Gil Brother não é fonte
alguma de conhecimento. Se G tivesse dito “o Gil Brother falou que...”, H
gastaria bem menos energia com a informação dada.
Eis o logocentrismo: nós ocidentais
valorizamos (inconsciente ou conscientemente) muito mais a simbologia das
palavras quando elas têm uma referência no “mundo externo”, quando aquilo
“existiu de verdade”.
Afinal, um filme de terror não dá mais medo
quando é “baseado em fatos reais”?
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