Zoe Crawford, ativista do PETA, se fingindo de churrasco. |
Ao ler a chamada de uma notícia do G1[1],
fiquei pensando no que motiva uma pessoa a participar de uma organização como o
PETA. Na minha cabeça, é simplesmente ridículo tentar convencer o mundo a não
comer carne e a tratar animais como a ONU quer que tratemos seres humanos.
Mais ridículo ainda é se fantasiar de
“churrasco” no meio da rua em Sydney achando que vai chegar alguém e se
converter, ao olhar a cena e pensar: “É mesmo, carne humana é igual a carne de
boi. Melhor parar de comer”.
No entanto, cabe olhar para o sentido da
palavra “ridículo” aí. Significa, em última instância, incompreensível. Não
entra em nossa cabeça o porquê da atitude. “Falta do que fazer”, “perda de
tempo”, são um dos clichês usados para criticar.
Mas, claro, todas nossas tramas políticas
podem ser elevadas à ridicularidade! É muito fácil classificá-las como fúteis.
Mas achar que temos que justificar o que fazemos é um dos grandes sintomas da
doença moderna.
Olhando para o movimento Marcha da Maconha, logo falamos que há
tantas coisas mais importantes, e as pessoas gastando seu tempo com isso! Também
se critica o governo assim: perseguem maconheiros enquanto há estupradores e
homicidas soltos por aí. Mas o mundo humano é mais complexo, muito do que
acontece é mal pensado e não conseguimos justificar. O mundo moderno passou a
encontrar mais idiotices correndo soltas!
É difícil entender as motivações políticas
das pessoas em muitos casos[2].
Weber, ao pensar nas ações humanas, cunhou o termo wertrationalität, ou razão voltada ao fim em si, e não na relação
com o meio. No caso da ativista do PETA, ela agiu pensando no seu ideal de
mundo (animais e humanos amiguinhos), sem considerar a melhor forma de
atingi-lo (ou considerando menos a zweckrationalität,
que é razão voltada à relação meio-fim).
E realmente, pensando em nossas ações
políticas (se é que temos), elas não poderiam ser consideradas ridículas?
Talvez o papel da sociologia seja mostrar o quão ridículo a ação política é.
Porque, se ela deu certo, a conjuntura histórica a justifica, e se deu errado,
também! Poderíamos deixar a onda da história nos levar, sem precisar do esforço
do nado!
Mas minha
conclusão é mais clínica: não faz sentido chamar a sociologia de conservadora
ou progressista. Olhando para minhas ações políticas, fica claro que elas não
têm nada de sociológico. Elas têm muito é de humano! O campo sociológico é totalmente distinto do campo
político, ao vermos política na sociologia, matamos ela.[3]
PS: ao
terminar o texto, me surgiu uma das conseqüências de se estudar Ciências
Humanas por tanto tempo (no meu caso, 8 anos seguidos até agora). As palavras
vão ficando insuficientes para o que se deseja expressar! Talvez por isso que
certos autores sejam tão prolixos.
[2] No auge da razão, é difícil entender
QUALQUER motivação política! O budismo e o liberalismo, ambos articulam nessa
direção. Mas isso fica pra outro texto...
[3] Mas
claro que a frase “Toda a sociologia é política” está correta! Mas ao
conseguirmos identificar as partes políticas, devemos remediar o dano ou então
ignorá-lo, danificando o material sociológico.
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