domingo, 3 de agosto de 2014

Só sei que nada sei

O cientista e o ser humano moderno devem ter em mente que não sabem de quase nada. Tanto o mundo externo quanto o interno abarcam possibilidades que nenhuma mente consegue apreender de forma plena. Viva o neokantismo!

Já dizia Confúcio há milênios: "Sabedoria é distinguir o que você conhece do que não conhece." Humildade necessária para o acadêmico, o cientista, o sociólo...

Sociólogo? Às vezes parece que não. Caso ilustre é o de Bruno Latour, de quem já reclamei. Ele e outros levam a sério demais a ideia de que "a ignorância é uma bênção", e então levam seu sacramento para seus textos e...método?

Ele assim o faz desde seu livro mais conhecido, Vida de Laboratório. É uma proposta realmente interessante, fazer uma etnografia de laboratório. Mas lá já vemos as proposições mais absurdas de Latour, do tipo "nosso discurso leigo vale tanto quanto o das ciências exatas".  O cara pensa que tudo é discurso, e que a experiência está no mesmo plano do simbólico.

Opto por fugir desse pessoal, que chamo de sociólogos monistas ontológicos. Os que gostam de jogar no mesmo caldeirão experiência e razão. Acabam tendo as mentes mais estreitas: levam o assunto de sua profissão (sociabilidade e seus efeitos no mundo) para o plano da realidade total. Assim, veem-se no direito de povoar a disciplina com suas digressões pessoais, desapegadas à experiência de muitas pessoas (menos às de seus cultistas). A ignorância, se não existisse, transformaria esse tipo de sociologia em poesia: estética linguística.

Prefiro a simplicidade. Já que não sei de nada sobre o mundo, que minhas ferramentas de investigação sejam as mais claras e eficientes possíveis, para não perder tempo afiando-as, e sim utilizando-as.