quarta-feira, 23 de maio de 2012

O Que é Logocentrismo?


Filme "Amor, Estranho Amor".
  

Em uma conversa despretensiosa de dois amigos jovens (G e H), o assunto centra-se em Xuxa Meneghel, outrora conhecida como Rainha dos Baixinhos. Estando ambos na faixa dos vinte e sendo brasileiros, conviveram com a figura midiática da loira ao longo de suas vidas. As lembranças mais vivas são obviamente as polêmicas envolvendo a “animadora de criança”. O filme de caráter pedófilo e sua cena histórica, da moça oferecendo o peito para um menino brincar tornou-se referência para muitos, quando se fala em Xuxa.

Os dois amigos tratam de não quebrar esse padrão, afinal, o mais interessante em Xuxa é sua vida sexual. O resto que se foda! Eles teorizam que a Xuxa deve gostar muito de sexo porque desde cedo esteve em contato com ele. Essa imagem foi reforçada pela entrevista que a Rainha deu ao “Fantástico”, na qual conta que sofreu abuso quando púbere. G assistiu à entrevista, enquanto H apenas soube de sua existência.

E a conversa segue nesse tom. Na mente dos dois, a imagem da “Xuxa safada” reforça-se pelo vídeo “Ta duro, Mussum”, que ambos assistiram no YouTube. No vídeo Mussum dá uma encoxada em Xuxa e ela sente a jeba dele, afirmando que ela está erguida!

Falam de Pelé e Senna. A Rainha dos Baixinhos fornicou com o Rei da Bola e o Rei das Pistas (mas em momentos distintos). G diz ao amigo: “Só faltou o Rei do Pop” – A loira em um momento esteve atraída pelo astro Michael Jackson e desejava fazer sexo com ele.

A afirmação de G sobre a pretensão de Xuxa deixou H espantado e com a cabeça quente. “Quem gostaria de transar com aquele cara bizarro?”, H imaginou que Xuxa deveria ter algum problema mental para justificar esse seu interesse, talvez algo a ver com fetiche por “Reis”.

A surpresa e energia de H dedicada a essa “lombra” foi reforçada (talvez inconscientemente) pelo fato de G ter assistido à entrevista de Xuxa no Fanstástico e H não. Ou então H assumiu que G soube do fato por algum medium semelhante.

No dia seguinte, H descobre que a “lombra do Michael” foi veiculada por Gil Brother, em seu canal “Away Nilzer” do YouTube. Gil Brother é um doidão que pega vários assuntos circulando pela Internet e comenta de maneira peculiar, com uma grande dose de xingamentos e sermões, além de sua imaginação ter grande influência em como ele percebe o assunto.

H fica desconcertado ao perceber que Xuxa não queria transar com Michael. Algumas pessoas imaginaram isso apenas. Toda sua maquinação mental do dia anterior desperdiçada! O Gil Brother não é fonte alguma de conhecimento. Se G tivesse dito “o Gil Brother falou que...”, H gastaria bem menos energia com a informação dada.

Eis o logocentrismo: nós ocidentais valorizamos (inconsciente ou conscientemente) muito mais a simbologia das palavras quando elas têm uma referência no “mundo externo”, quando aquilo “existiu de verdade”.

Afinal, um filme de terror não dá mais medo quando é “baseado em fatos reais”?

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