quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Retrato de um assassino - Adam Lanza parte 2


Freud utilizou a ideia de ambivalência em sua teoria.


Para Freud, muitas neuras psicológicas que parecem opostas possuem a mesma raiz. Por exemplo, aqueles muito bagunceiros e os obsessivos com organização podem ter tido experiências semelhantes que precederam seus comportamentos. A isso chamamos na psicanálise de ambivalência, que “designa a coexistência de atitudes afetivas opostas frente a um objeto, e particularmente a coexistência do amor e ódio em uma mesma pessoa”.[1]
Ou seja, certa experiência pode levar a opiniões e atitudes opostas: ame ou odeie, suje ou limpe, organize ou bagunce, etc.
O caso de Adam Lanza
Adam foi criado nos Estados Unidos em uma pequena cidade. Foi um garoto tímido e introspectivo, que falava pouco e possuía fobia social. Ele era muito diferente de seus conterrâneos! O adolescente médio de sua cidade não era tão calado, possuía alguns amigos e seguia a vida social no eixo família-escola. Adam era diferente, ou acreditava ser. Não tinha o número de amigos que os outros tinham, e nem a facilidade para o diálogo. Em casa, não havia o reconhecimento dos outros (mãe, irmão, pai) como uma pessoa de igual nível, mas como seres diferentes (inferiores ou superiores, dá no mesmo!) com os quais a amizade não surgia. Somente a necessidade de convívio.
Adam conviveu com a liberdade desde sempre, pois nunca foi constrangido a mudar! Sua sociedade tolerava sua conduta diferente, como muitas vezes acontece no Ocidente (permitir a existência dos esquisitos). Sequer bullying ele sofria! Era somente deixado a ser o que era.
A liberdade extrema que Adam vivenciou levou-o a uma conclusão fatal: a morte é a maior forma de liberdade a ser atingida. A morte liberta. Ao matar vários, Lanza acreditou estar liberando eles de uma vida vazia. Afinal, pra que serve a liberdade se não há escolhas melhores, se podemos ser esquisitos e os outros não lidarem com isso?
Dessa forma, a experiência de liberdade de Lanza (sua aceitação no meio, mesmo sendo diferente) o levou à possibilidade de atingir o ápice do conceito: o poder de morte em mãos e a escolha de usá-lo (sentindo assim a liberdade), libertando os corpos terrenos desse mundo. Mas não consideramos privar alguém de sua vida a maior ofensa à sua liberdade? Ou será que Lanza está certo? – Melhor ser um morto livre, do que um escravo vivo.


[1] Fonte: http://www.universalis.fr/encyclopedie/ambivalence-psychanalyse/

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