sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A sociologia é inumana?

Talvez seja melhor chamá-la de "extracotidiana".


<< A ciência é o domínio do inumano, apesar de ser humana. O que não entendemos não é humano. É sobrenatural. Por enquanto >> 

Esses aforismas abrem o texto "Ciência" de Zé Will, página 188 de Self-PortraitorEm um post anterior, escrevi que ações políticas não são sociológicas, mas humanas.

Tanto nos aforismas quanto no meu post, chama-se a atenção para o antagonismo entre ciência e humanidade. Nesse caso, humanidade significa "ser membro do mundo natural". Os humanos são animais oras bolas! Nos tomando como animais, o que passa no mundo psíquico se assujeita aos ditames do mundo físico.

Nos importamos com o que um boi pensa? Ou um cavalo? Esse tipo de consideração é tomado como piada pela maioria dos homens.

A ciência só existe na nossa cabeça, enquanto jogo de linguagem. Fora disso existem sequências de ações,  a que atribuímos sentido de novo em um jogo de linguagem.

Agora pode parecer que dentro desse jogo ciência x humano, qualquer pensamento seja inumano. Mas não é o caso pois a maior parte dos pensamentos tem algum propósito prático. Não fosse assim, a maioria das pessoas não acharia chato ou cansativo "fazer ciência" ou filosofar.

A sociologia é inumana porque ela joga um jogo incomum, com poucos jogadores. As regras básicas (pragmáticas) do "jogo humano" não estão tão presentes, e quando estão, é pra atrapalhar. Nessa diferença entre a sociologia e o mundo vivo, talvez o melhor seja perguntar: e daí?

3 comentários:

  1. A rigor, tudo é humano, relativamente, porque só existe quando a ignorância (avidya) provoca a sensação de invidualização da mente, que é Única e inascida. As ferramentas são fantasias conceituais, como o próprio mundo, que, paradoxalmente, é real porque participa da Realidade Única. Ou seja: realmente tudo só existe na nossa cabeça, e enquanto não formos Budas plenamente realizados, e mesmo depois, no Mahayana (Grande Caminho), a ilusão é o meio "real" para nosso desenvolvimento.

    Como não entendo nada disso, apenas repito para nossa reflexão, sugiro estudarmos juntos o "Tratado sobre a mente única" de Padma-Sambhava.

    Encontra-se humildemente disposto aqui

    http://www.slideshare.net/eloyjunior/padmasambhava-6711813


    Às ordens, saravá!

    Zé Will

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  2. Certamente o tratado contém sabedoria divina. Tenho duas pontos:
    1) Como ocidentais infelizmente não fomos doutrinados na "linguagem" dos conceitos místicos do oriente. Acredito que possamos chegar ao mesmo lugar pelas vias da filosofia ocidental moderna (é uma experiência diferente, mas legal também).
    2) Nossa mente pode "saber" do que se trata a Revelação, mas "vivê-la" é algo que requer treinamento (yoga, meditação, artes marciais). Isso confere grande força ao indivíduo (vide Bruce Lee, sábios da Índia, o jovem Buda da Discovery, etc.), mas só saber já é bom: provavelmente nesse caso vamos reencarnar como semideuses apreciadores das vivências, necessitando de milênios para se desiludir hehe!

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  3. Tenho uns livros sobre budismo e cultura ocidental lá em casa, depois posso te emprestar!

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