quinta-feira, 9 de maio de 2013

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Na aula de sociologia

Ontem, durante uma aula de teoria sociológica clássica, estávamos debatendo sobre o conceito de "atitude blasé" presente em "As grandes cidades e a vida do espírito" de Georg Simmel. Durante a conversa eu sugeri uma significação que extrapolava o uso do conceito por Simmel. O professor e os outros alunos não gostaram muito, e percebi que eles tinham necessidade de se imaginar no ideário histórico simmeliano.

Penso que seria legal fazer uma filosofia também, bastante produtivo para todos pela chance de chegar a novos territórios conceituais. A história da sociologia pode se mesclar com exercício de filosofia, e claro, também de sociologia - mas essa última estava presente em sala (ainda bem).

Saí da aula pensando a sociologia ser mais ortodoxa em sua relação com os conceitos. É comum nas aulas que quando alguém sugere alguma significação ousada para um conceito, respondam "Ah mas Weber não queria dizer isso." Se limitam ao escrito, quando o mais importante muitas vezes está nas entrelinhas...

Ontem pensei em um pequeno quadro epistemológico:

Conceito = conjunto de significados
Teoria = conjunto de conceitos articulados por certas regras
Doutrina = teoria dogmatizada

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Ética e estética são um só

6.421 É claro que a ética não se deixa exprimir. 
A ética é transcendental.
(Ética e estética são um só.) 
Ludwig Wittgenstein, Tractatus Logico-Philosophicus








(Wittgenstein I)

Após ler o diálogo "A literatura como vontade ou representação" de Kaio Felipe, me voltou à memória o obscuro aforisma "Ética e estética são um só" de Wittgenstein. Os personagens do diálogo não parecem ter em mente a percepção lógicoempirista  do filósofo austríaco. Quero aqui desconstruir o valor do texto de Kaio, para depois resgatá-lo com humor.

Ética busca sugerir uma normatividade, apontar certas ações como devidas e outras como indevidas. No cotidiano, ela aparece na função apelativa da linguagem, palavrões, tom de voz, etc. Quase nunca aparece nas próprias palavras, mas na retórica.

[exemplo de transição]
P: Vamos ao Buda Bar hoje?
R: Hoje é frevo boiola [gay].

Estética lida com experiências e a forma como são vividas. Preocupar-se com ela é pensar como uma audiência irá receber certo conteúdo na mais imediata subjetividade (apreensão dos sentidos e alteração de estado de espírito). No cotidiano aparece como o que se vive significativamente. Todas as experiências significativas têm uma dimensão estética.

OK, avancemos! No exemplo acima, você pode identificar a ética? É fácil porque se sabe que há muitos homens héteros que não gostam de ir a festas GLS. A ética está nessa preferência. Mas suponhamos que nossa sociedade não mostrasse casos como esse. Não veríamos ética nenhuma no exemplo. [ética está contida na estética]

Mas se a base para que esse jogo surja está em nossas experiências significativas, como traçamos a distinção entre o que é significativo ou não? A unidade de medida dessa balança nada mais é que a ética. [a estética está contida na ética]

Saltando para o diálogo de Kaio, os personagens se mostram metafísicos juvenis ao esquecer que na vida real estética e ética são um só. Logicamente, não é possível dizer que Schopenhauer ou qualquer um priorizou uma ou outra por ser tolice crer em uma destilação de nossos critérios avaliativos [ética] e da estreita circunstâncias em que foram formadas [estética] .

Nenhuma obra literária prioriza ética ou estética, porque autor e leitor não conseguem sair do mundo e entrar no território onde uma ou outra são átomos lógicos que conseguem construir proposições além do nonsense.

(Wittgenstein II)

Opa! OK, OK; mas a discussão para os três personagens não foi significativa? Eles certamente não estavam pensando da mesma forma que eu, e talvez até fossem me satirizar por querer me referir ao mundo real...


terça-feira, 30 de abril de 2013

O anti-simulacro - pt.1

O professor de sociologia Jean Baudrillard  foi um dos primeiros a tratar do tema da simulação cultural como estruturante ético. A ética burguesa [pós?] moderna sempre teve o hedonismo como valor e parte da vida prática. O que houve, diz Baudrillard, foi que ele cresceu tanto que suplantou outros valores, como a metafísica, o filosofar, a religião e a honra.

Na verdade, até falar de "hedonismo" dessa forma não convém. Para tratar do seu objeto de pesquisa, Baudrillard recorre a tornar sua fala ela própria o objeto da crítica. Ele está "jogando o mesmo jogo". As razões não são muito claras, mas como ele mesmo diz em entrevista: "Sou um dissidente da verdade. Não creio na ideia de discurso de verdade, de uma realidade única e inquestionável. Desenvolvo uma teoria irônica que tem por fim formular hipóteses."

No século XXI estamos vendo uma produção massiva de produtos culturais que podem ser acessados qualquer hora do dia pela Internet. A Rede possui material infinito para entreter uma vida. Esse material pode mesmo ser chamado de cultural? Não no sentido clássico. 

Antigamente, qualquer produto cultural estava ligado à vida daqueles que o consomem, podendo ser usado para ilustrar um pouco de como vivia uma comunidade ou sociedade, ou uma classe.

Para tratar de cultura de forma sociológica - como a existência da cultura se desenvolve socialmente - não podemos mais utilizar essas categorias sociológicas clássicas, diz Baudrillard. Elas perderam toda sua utilidade por não fazerem referência a coisas significativas (nos seus termos, ao real). 

O que substitui esse quadro é o simulacro. Basicamente quer dizer que a sociedade de consumo se tornou um motor autótrofo. Vemos filmes, ouvimos música, lemos livros para passar o tempo. Eis o limite; não se faz relação do que se consome com um sentimento de referência a algo fora do plano da experiência imediata.

O simulacro é o reflexo do desencantamento do mundo e do politeísmo de valores. É o campo onde se consome a cultura, infinitamente. É a diversão pela diversão, a informação pela informação. Fim da referência.

Fazer crítica, por exemplo, virou fazer propaganda de uma opinião.

Na próxima parte vou sugerir o anti-simulacro como oposição bizarra a essa situação!

sexta-feira, 26 de abril de 2013

manifesto pardonazi



[prolegômenos]


O que é um pardonazi? Vem do conceito de pardoneira; e talvez seja impossível não fugir do clichê da autorreflexão. Ao me perguntar sobre sua natureza a invoco no estado presente das coisas. Estou pardonando zela. Mas isso não faz muita diferença, porque um verdadeiro pardonazi nunca irá ler esse texto. É impossível que isso aconteça no estado atual do conceito.
No pardonazi, a ideia de pardonazi é uma grande pardoneira que se dissolve por completo nas suas ações. Qualquer sugestão de filosofia se transforma em ações e faltas de idéias que são um combustível que alimenta a coisa toda. Falar de pardonazi é então matá-lo e invocá-lo ao mesmo tempo, porque só um não-pardonazi pode falar do pardonazi, mas para isso tem que entrar em seu território.
O não-pardonazi vê sem receio esse deslocamento, porque não sente desconforto com o pensamento alienígena. Existem vários mundos, e todos eles são habitados. A pardoneira tenta conectar esses mundos por uma substância primordial, que aparenta ser mijo (urina). E o que pensar sobre o mijo? É apenas mais uma pardoneira a ser eliminada. O mundo do pardonazi é portanto um só, e eliminou o seu Criador. A mijada no entanto permanece, e ela aponta para vários lugares!
O grande desafio para o não-pardonazi é tentar fugir do imenso jato de urina pardonazi que está apontado para ele. Mas ele vê a tragédia quando olha pra si mesmo e se vê encharcado de mijo, com um ranço de ureia que não sai. Percebe então que mergulhou fundo na pardoneira, e sem saber estava adorando nadar em uma piscina toda mijada.
O não-pardonazi visualiza uma solução. Virar um soldado. Tentar usar armas para matar o pardonazi. Nesse ponto ele já está maduro. Sabe que sua faca, seu rifle, sua bazuca, são feitas daquele material que odeia. Sim. O xixi. Mas não importa mais. Ele encarnou um pardonazi, e com isso eliminou a reflexão não-pardonística.
O resquício do não-pardonazi nele jaz sobre sua pergunta fundamental: tentar limpar o mijo do mundo, ou jogar um mais fedido? Eis uma grande pardoneira...

domingo, 21 de abril de 2013

Dualismo, tempo e espaço.


Esse texto é quase incompreensível, isso porque ele quer dar o mesmo valor a prestar muita atenção a ele ou não.


O Dualismo é dividir o mundo em dois. O que tem de um lado é o tempo, e do outro o espaço. E tempo passa, e as coisas mudam de lugar. Só da pra ver o tempo passar, porque as coisas estão mudando de lugar. Se tudo ficasse onde está o tempo todo, um dia não seria diferente do outro. E as coisas mudam de lugar com o passar do tempo. As pessoas comuns traçam calendários e contam os anos de forma linear, tempos até uma Era Comum, de dois milênios atrás. Existem povos que pensam no tempo de forma cíclica, mas isso ficou estranho com o advento da Física moderna. Cremos que o nosso universo nascera há mais ou menos 14 bilhões de anos. E mais ou menos sabemos para onde estamos indo: o Sistema Solar se direciona para o buraco negro no centro da Via Láctea. Não há evidências de circularidade, o tempo passa em linha reta no sentido biológico individual: alguém nasce, vive e morre, e não se repete.

Tempo circular

No entanto, em termos lógicos tudo acontece infinitas vezes. Imagine se o tempo for linear: começo, meio e fim. Se houve um começo, então “antes” não havia tempo. Mas se “antes” não havia tempo, havia pelo menos um mecanismo que possibilitasse que o tempo surgisse. E quando o tempo termina, vemos uma atemporalidade com esse mesmo mecanismo. Antes do começo e depois do fim são iguais. E disso tiramos que o tempo é infinito, e que o espaço (que é o que define o passar do tempo) sempre tem chance de se dispor de uma forma que já aconteceu antes. Mesmo que a chance seja baixa, uma hora isso deve acontecer.
Isso deve ser mais fácil de ser visualizado com sinais matemáticos:
 Tempo = x Espaço = y
Se  não-x è x è não-x, então não-xèxènão-xèx=>não-x ad infinitum. E o mesmo vale para y.
Mas isso são coisas muito abstratas nas quais não se vive. É o aspecto filosófico da coisa que tem um aspecto ético que é: viva bem! Nietzsche falou bastante disso, e não tem mais o que falar disso, só redescrever.
O dualismo prescreve que exatamente o contrário de tudo existe. Então tempo é circular e linear.
Isso porque pensamos no esquema “se não-x è x è não-x, então não-xèxènão-x” numa situação x¹èèx³... e y¹èèy³... ou seja, não tem nada a ver pensar em um não-x ou não-y. Porque não são realmente nada. Melhor ir cuidar do jardim.

Conclusão: melhor ser pragmático; o tempo é circular se te agrada que o seja. Mas ele parece ser linear.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Hitler e Porta dos Fundos

O que diabos têm esses dois vídeos em comum?

Quem assiste ao vídeo de Hitler é igual ao povo que Moisés tenta iluminar no vídeo da Porta.
O espectador não nazista de Hitler tem o mesmo olhar de ceticismo dos hebreus, céticos quanto aos verdadeiros interesses de Moisés.

Se os mesmos hebreus estivessem debatendo com Hitler, falariam para ele:

"Caralho Hitler, tu tá falando merda pra caralho hein! Que porra de virar uma só nação, fazer parte da massa o quê... massa de cu é rola! Quando nada restar de nós, a gente vai levantar um pavilhão? Cê tá doidão mesmo hein? Para de transar com esses seus pastores alemães..."

Nós vemos com ceticismo o propósito de Hitler, de animar as massas, elevar seus espíritos. Após a Segunda Guerra virou feio fazer populismo a la Hitler. 
E podemos rotular o naipe do discurso de Hitler e de Moisés com uma mesma palavra: profético. Eles estão operando na mesma vibração pra conquistar sua audiência, apelando pro carisma, coisa que o Moisés não tem! 
Um elemento humorístico da Porta é esse Moisés paspalho! O outro elemento está na audiência: os hebreus ouvintes são céticos e racionais. Para eles, nada aquilo convence porque eles veem o Moisés estrategicamente, como escondendo seus reais interesses.
Nós somos iguais esses hebreus ao assistir ao discurso de Hitler: o vemos como uma estratégia para manipular as massas, convencê-las a "fazer merda". Somos céticos e racionais, e o carisma de Hitler não nos envolve. 

E QUAL ERA O POVO A SER EXPURGADO DA ALEMANHA NAZISTA? OS HEBREUS (JUDEUS).

O século XXI é o século judeu.