Mostrando postagens com marcador David Foster Wallace. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador David Foster Wallace. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 4 de março de 2016

Sobre a pós-ironia

Em inglês, na Wikipédia, temos dois verbetes que conduzem ao assunto: Post-Irony e New Sincerity.

É uma ideia bem trabalhada no romance Graça Infinita (Infinite Jest), do qual já comentei aqui alguma vezes. Consiste numa tentativa de recuperação da sinceridade e busca por uma comunicação genuína entre artista e receptor, que caracterizou a arte...bem, desde sempre, até o século XX:

As vanguardas literárias, a partir mais ou menos de 1960 (cf., por exemplo, tudo do Thomas Pynchon e Macunaíma do Mário), passaram a ironizar a realidade, distorcê-la em humor negro que até então era inovador, tanto no âmbito crítico como no estético.

Caçoar da televisão, dos Beatles, de uma parte da cultura brasileira, das intrigas amorosas da classe média (Nelson Rodrigues), etc. foi uma forma de inovar e ao mesmo tempo construir conteúdo significativo a longo prazo.

Mas então, a ironia deixou de ser vanguarda e passou a ser lugar-comum. A vemos na cultura pop banalizada, onipresente. Como usá-la, então, para trazer algo edificante, se tornou-se apenas uma ferramenta de reprodução do entretenimento raso?

A solução vanguardista foi a pós-ironia. Trata-se de conceber o mundo como um lugar irônico, porém buscando uma tentativa de superação desse mar defensivo por meio de espécie de jornada espiritual, de busco do Sentido da Vida. Chamo a ironia de mar defensivo, pois é uma "saída para tudo": é como bancar o idiota: você se torna imune a quaisquer críticas quando não as leva a sério.

__________________

Acaba de vir uma epifania: se a pós-ironia é uma tentativa de superação do mundo irônico, ainda faltam livros que tratam o tema em mais de um personagem, e com os personagens dialogando de forma não irônica. E como será isso? Creio que será algo meio Irmãos Karamázov, mas será interessante ver tal situação operando em um meio irônico. 
Algo do tipo: imagina Dostoiévski cruzando com Hermes e Renato, onde o russo tenha um pouco mais de participação de mentalidade além de ser espécie de "luz no fim do túnel".

Em Graça Infinita, o personagem pós-irônico é Mário Incandenza. E Don Gately. Mas os dois nunca se cruzam...

___________________

Retirei alguns memes que lidam com o tema do ótimo "site de artes/humanas" (estou sendo pós-irônico) The Philosopher's Meme. Falarei mais sobre eles em outro post...



Eis um meme pós-irônico em ação.



segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Televisão x videogame

David Foster Wallace, aclamado escritor de quem sempre falo por aqui, costumava tecer uma crítica ao entretenimento televisivo em torno da sua superficialidade.
Segundo ele, o objetivo da TV é basicamente manter as pessoas assistindo-lhe o máximo de tempo possível. Para isso, o conteúdo deve ser cômodo, confortável, dispensando esforço por parte do espectador, que se torna um consumidor passivo. Sua literatura em larga escala foi uma tentativa de exigir do leitor certo esforço para aproveitá-la; DFW pensava que a vida não devia ser apenas uma busca por prazeres simples de alcance barato--certa dor e dificuldade eram inerentes à condição humana e eram passos inerentes à maturidade. Ele e alguns amigos viam um tipo de tristeza na América moderna, devido a tal submissão cega ao prazer imediato e plano.

Compartilho dessa ideia: um certo grau de masoquismo é importante para a construção do caráter.
A notícia abaixo, por exemplo.

Brasileiros têm de entender que estudar não é chato; chato é ser burro

 Ela tem a premissa de que chato=ruim.
Por que temos de fugir sempre do que é chato? Homo ludicus, aquele que procura sempre a diversão, tornou-se um paradigma de caráter. Isso precisa ser urgentemente desconstruído. O chato faz parte da vida e acolhê-lo melhora as pessoas, torna-as menos egoístas, mais instruídas (não deveria fazer diferença que estudar seja chato ou não--é um critério de medida estúpido), enfim: viver em sociedade devia ter ao menos um pouco de autonegação, super-ego sobre ego, e isso parece estar sumindo.
Indivíduos estão querendo ser deuses, no entanto, os que mais chegam próximos do Olimpo são aqueles cientes de que não conseguirão escalá-lo.

***
DFW falou muito sobre TV, mas nada sobre videogames.
Jogo videogames há muito tempo, e certamente ele requer trabalho do usuário, ao contrário de sua prima mais velha. Alguns jogos mais do que outros. Mas me lembro de que, antigamente, nos anos 90, os jogos eram muito mais difíceis do que hoje. Não sei como continuei jogando, era frustração atrás de frustração. Aí há uma lição de vida muito importante, a repetição aliada à paciência e ausência de insatisfação é uma grande virtude, que ajuda a desenvolver habilidades como concentração e tranquilidade

DFW fala da importância da TV para moldar a literatura de sua geração. Em seu caso, isso significa aliar uma pauta de diversão a uma pauta de comunicação de ideias complexas. Ele faz isso muito bem, e talvez mais importante, isso comunica-se com a geração atual.

Isso me levou a pensar na influência do videogame. Há alguma influência de estilo, de estrutura, de projeto?
Particularmente, acho que NES, SNES, PS1, PC games, N64 (na casa de amigos--eu tinha um Playstation) não me influenciaram em termos de projeto literário. A mecânica (RPG, plataforma, esporte, FPS, beat'em up etc.) e o gênero (ficção científica, fantasia, terror) certamente me moldaram e continuam orientando meus gostos. Mas num nível mais geracional/abstrato, enquanto membro de uma geração gamer, penso apenas que o videogame ajudou-se a gostar de livros difíceis. De certa forma estamos jogando um jogo ao tentar interpretar complexidades literárias. Jogos difíceis, que exigem "detonado" em certas partes, são análogos àqueles livros demandando consultas ao dicionário ou literatura secundária.
Claro que ler com a Internet ao lado também ajuda, mas é outra história.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Graça Infinita -- Hal Incandenza

"Como a maioria dos norte-americanos de sua geração, Hal tende a saber bem menos sobre por que ele se sente de certas maneiras quanto aos objetos e buscas a que ele está devotado, do que quanto ao objetos e buscas em si. É difícil dizer com certeza se é mesmo algo excepcionalmente ruim, tal tendência."
(minha tradução--ficou confusa? em inglês parece bem claro, e ao traduzir achei que embolou)

terça-feira, 7 de julho de 2015

Resenha Graça Infinita (na verdade, do livro original em inglês, Infinite Jest), de David Foster Wallace

É muito difícil fazer uma resenha de um livro no qual, grosso modo, o enredo não é tão importante. Por que alguém lê literatura, senão para viver uma boa história? De fato, há uma ótima história em Graça Infinita, mas não é exatamente daquelas de gerar expectativas sobre o que irá acontecer. Tipo: é confuso—o livro não é linear, começando no final da história e indo e voltando por vários anos e dias diferentes, além de quebrar a narrativa com muita frequência (isto é, cenas envolventes são interrompidas no meio da ação, além de partes aparentemente desnecessárias tomarem bastante espaço).

Assim sendo, talvez a melhor forma de resenhar seja explicando por que o li de cabo a rabo, 1070 páginas que, por causa do pequeno tamanho das letras (e páginas grandes—são quase uma A4), valem como duas mil em um livro padrão.

O livro surpreende sempre. Nenhum “capítulo” (em aspas por parecerem ter sido divididos de forma arbitrária) é previsível, sendo muito raro deparar-se com uma cena sobre a qual se pensa “que clichê/estava na cara/eu já sabia”. DFW parece ter escrito um livro em que fez o que quis, sem nenhuma preocupação com “regras” do contar-estórias. De fato, as regras foram muito bem quebradas—com autoridade e, apesar de haver momentos entediantes, a ruptura com um certo senso comum (i.e., com uma maneira mais estabelecida de organizar as informações) soa como algo cuidadosamente calculado. Algumas partes foram bem chatas de ler, mas já vi gente dizendo ter gostado muito de trechos os quais detestei.

Para criar essa imprevisibilidade, a principal ferramenta (além da não linearidade) é a onisciência do “narrador”. São inúmeros personagens que compõem a trama, muitos secundários que em algum momento são dedicadas várias páginas a eles, e depois do nada somem ou servem a um papel bem pequeno. Não são apenas narrativas sobre a vida desses personagens que estão presentes no livro: há um artigo escolar e um de revista, cartas (de correio mesmo), um fluxo de consciência, um monólogo do pai ao filho, um e-mail, primeira pessoa e terceira, teoria crítica sobre a sociedade moderna americana, e uma afamada nota de rodapé onde temos uma filmografia extensa de um dos personagens principais.

Graça Infinita exibe maestria de técnicas e temas literários: DFW escreveu com autoridade, nunca deixando a desejar, sem soar forçado ou coisa parecida. Demonstra profundidade, cavando uma ideia forte por trás do texto (sua interpretação da vida classe-média no século XXI, i.e., da Era da Informação); é uma escrita muito sincera, e com ideias muito boas a serem desveladas. Não é uma leitura casual, exige certa dedicação para aproveitá-la. É difícil de ler na praia, ou no metrô. O leitor precisa ter algum nível de masoquismo. Mas acredite: há recompensas. Elas vêm na forma de um apego à trama, desenvolvido lá depois de 25% de leitura, além de uma forte associação com os personagens, que são caracterizados com uma densidade absurda—tipo: histericamente.

São muitos personagens, que vêm e voltam. DFW disse querer escrever um livro sem personagens principais, mas dois têm maior destaque entre todos: Hal Incandenza, jovem superdotado de classe alta, e Don Gately, ex-drogado de classe baixa. Ambos são peças-chave nos dois principais cenários da narrativa: uma escola—que treina os alunos também para (alguns) serem tenistas profissionais—e uma clínica de reabilitação. Há dois tipos de fascismo nesses locais: um coletivo e um individual. Na Academia de Tênis de Enfield (a escola), o coletivismo fascista é o modo de vida imposto aos alunos e orientado para levá-los a serem tenistas profissionais[1]; na Casa Ennet (a rehab), as pessoas são a autoridade fascista delas mesmas ao tentarem empregar técnicas individuais para anular o caos de uma vida passada, “viciadas em reabilitação”. Nas duas instituições vemos o cultivo ao geométrico, à ordem e à disciplina. Mesmo que no processo doutrinas libertárias sejam utilizadas: processos motivacionais e de autodesenvolvimento são recursos que, em última instância, são apenas meios para se atingir os objetivos impostos pelo coletivo (ser um tenista profissional ou ser uma pessoa reabilitada a viver em sociedade). Em outras palavras: trágico: fascism everywhere!

O livro é uma tragicomédia que se degenera. Ao leitor resta concluir: “foi bom enquanto durou”.

Particularmente, acho as críticas sociais do livro sutis demais para que suas lições de moral sejam a rigor pedagógicas. Quem o lê já deve ter opiniões análogas. Mas, como todo bom livro, ele consegue fazer o leitor vivenciar a estória. A genialidade de DFW é que a história do livro é uma representação da vida no século 21. Hiper-real. Líquida. Pós-modernismo do capitalismo tardio. Lê-lo é mais divertido do que ler Jean Baudrillard, Zygmunt Bauman ou Fredric Jameson, autores que apresentam ideias muito semelhantes, mas de forma mais acadêmica (autores de não-ficção).

Talvez você tenha notado alguns cacoetes ou estranhezas no meu modo de escrever. Há algum tempo não escrevia assim: antes tinha uma tipografia mais enxuta, mais ressalvas para ousar, uma maior proximidade com lugares-comuns. Devo bastante a Graça Infinita: não digo que copiei seu estilo (minhas frases são bem mais curtas, por exemplo), mas certamente influenciou bastante. Ademais: absorvi uma parte de seu estilo—há muitas palavras difíceis, desde jargões técnicos até gírias provincianas, passando por conceitos filosóficos e palavras latinas remetentes ao academês. Em larga medida, é uma obra para nerds literários, que gostam de ficar consultando dicionários. Mas jamais é necessário saber todas as palavras, pelo contrário, é até bom deixar alguns termos em incógnita. Faz parte da vida, por que não da leitura? O começo é bem mais doloroso uma vez que o leitor ainda não se acostumou à linguagem particular de Graça Infinita, depois de um tempo (250 páginas, talvez), a compreensão já é bem mais fluida. Mas, claro, 250 páginas de leitura não é pouco tempo.

Se você leu até aqui, já deve ter alguma noção se o livro te atrai ou não. A maioria irá se afastar, talvez—já não bastam as dificuldades do dia a dia, por que ler um livro difícil? Quem mais vai gostar com certeza são as pessoas que acham estudar divertido. Ele certamente ensina coisas, talvez a mais importante sendo para escritores: tem um estilo elegantíssimo.

Pode parecer que gostei do livro apenas porque DFW é um virtuoso literário. Não é o caso. Há várias histórias absurdas, que são muito engraçadas. Algumas tristes. Mas tudo parece às vezes ser uma grande piada (acho que o título em português deveria ser Zoeira Infinita); o leitor parando e rindo da fantasiosidade. A frase do crítico Stefano Ercolino resume bem a representação da vida moderna em Graça Infinita: “É um realismo que, para ser crítico, paradoxalmente precisa desfamiliarizar o real, uma vez que numa época de irrealidade difusa a única maneira de representar o mundo é tornando-o quase irreconhecível”.

Há uma ideia que vai sendo lentamente construída e é muito suavemente mastigada, contada pelas beiradas: a sociedade da informação, da internet, do consumo—o que significa viver nela? O que é ser humano nesse tipo de sociedade? Como as pessoas são construídas? Qual a matéria-prima cultural? São 1070 páginas que perpassam vários vícios modernos: competição, televisão, drogas, radicalismos políticos e econômicos, solidão, enfim: individualismo e «histeria coletiva». Foca-se em uma narração densa em torno de duas instituições sociais (a escola e a reabilitação) e vamos ganhando uma noção de como elas fazem as pessoas serem quem são. Por isso a noção de fascismo: em um nível muito abstrato, fascismo significa o método com o qual as pessoas são condicionadas a certa personalidade pela sociedade. Nestes termos, Graça Infinita é uma interpretação do fascismo na Sociedade de Consumo, na qual a realidade em larga medida é composta por “simulações de realidade”, isto é, na maior parte do tempo vivemos e funcionamos em torno de objetos de importância virtual: televisões, celulares e computadores são meios de comunicação, e por si sós não servem para nada. Tipo: o que se vive hoje é em larga escala resultado da interpretação sobre o não-vivido (informações trazidas pelas telas). Graça Infinita é nesse sentido contraditório, porque ele próprio é autoconsciente de seu caráter virtual, de seu valor como mercadoria, mas busca ao mesmo tempo trazer uma “alternativa”—de forma muito sutil—à vida Crucificada pelo Sistema.

Talvez a pedagogia do livro nem seja tão sutil assim, o problema estando mais na complexidade de levar a tarefa a cabo no cotidiano, principalmente em termos coletivos, não individuais.

Particularmente, vi fascismo para todo o lado pela obra. Inclusive em um dos supostos contrapontos a ele: nos Assassinos de Cadeira de Rodas, um grupo terrorista quebequense que visa à separação política—bom, há também uma grande trama sociopolítica continental, mas não vou esmiuçar-me sobre isso[2]—, que representam uma ideologia, por assim dizer, alienígena à do Ocidente. Chega muito próxima ao que imagino como a racionalidade de um homem-bomba. A ilustração dessa racionalidade, claramente “anti-americana”, é um dos pontos fortes do livro, tão bem feita que é sintoma da genialidade de DFW. Penso ser inútil tentar representá-la aqui, pois um de seus aspectos chaves é a estética do argumento—mas digo: a maneira de apresentá-la é genial: DFW a põe em vários capítulos de um diálogo longo entre um dos terroristas e um dos antiterroristas do governo americano.

Outro aspecto que me levou a gostar muito da obra é sua atmosfera nobrow, que significa um diálogo entre o refinado e o vulgar, entrelaçando-se continuamente. Exemplo: num dos debates dialéticos entre o terrorista e o agente secreto americano, há descrições do tipo: “Marathe peidou suavemente”; outro: uma personagem intelectual outrora era animadora de torcida, para um time universitário de futebol americano. O livro é um manifesto antiestereótipo, de certa forma, e isso se mostra com fluidez no nobrow que envolve com dinamismo o chulo e o erudito, o coloquial e o culto. DFW parece conhecer bem das duas áreas—ele assistia à tevê bastante, e lia muito.

Requer paciência, mas dá o retorno. Basta masoquismo no começo. Depois de se acostumar, desce suave. É uma aventura inimitável aos sentidos literários. Algumas pessoas pensam que o livro deixa-as seres humanos melhores. Acho isso deprimente. Sua função pedagógica é baixa; para isso melhor ler outra coisa. Já sua função estética é magnífica. E talvez essa seja a tal Graça Infinita.


[1] E, interessantemente, os alunos menos deprimentes lá são os que já sabem que não conseguirão ser profissionais: um que busca o prazer moderado e outro que busca entreter os outros como falso radialista, mas acaba com isso apenas entretendo a si mesmo.
[2] Há, sobre Graça Infinita, a alcunha “romance enciclopédico”. Realmente, são várias subtramas existentes, infinitas histórias que o leitor digere com uma rapidez impressionante (o que uns contam em 100 páginas, DFW conta em 10). O crítico James Wood classificou esse tipo de romance como “realismo histérico”. Cf. em inglês http://www.newrepublic.com/article/61361/human-all-too-inhuman ou (pior) em PT-BR:
http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2011/03/12/james-wood-literatura-vida-na-pagina-368221.asp

sexta-feira, 29 de maio de 2015

An actually interesting discussion occurred on Youtube

'This water stuff was already in his book Infinite Jest. This DFW type is clearly a millennial-burgeois-lack-of-real-struggle galoot, writing stuff with a nobrow appeal to a clearly highbrow audience, eager to entertain themselves with original bullshit that supposedly point to all this generations flaws, or whatever sense of lack perceived as a king of generational disease. Ironically, it seems that my analysis just sustains the argument that there's something wrong in the air...' (6 likes)
'So what alternative do you suggest?'
'People should follow the holy words of... I'm kidding. I don't know man, I'm nobody. People struggle to spread their world-views, even as mildly as DFW did in Infinite Jest.
Also, if I provide a bourgeois-liberal-bullshit criticism that occurs due to my bourgeois-liberal-bullshit background, it doesn't mean I'm not comfortable with it. Many theorists say that this is new capitalism, a crazy millennial commercial circus e.g. industrial selling of "Fuck the System" SOAD albums.' (5 likes)
'stop saying "bourgeois"' (14 likes)
' lol. No better word came at the time...I don't like it either, and almost never use it. It was supposed to refer to people that have "good amount of spare time" (no need to struggle to survive) and so are able to entertain themselves intellectually, or express their feelings to others in a complex way (both seem to be the case of DFW).' (2 likes)
'You should find something you can approve of and spend your time commenting on why you approve of it.  It's the choice thing, again.  You can choose to build, or you can choose to destroy. Because of widely prevalent anxiety, stress, unease, many choose to destroy.' (9 likes)
'Wise words. Though if mine own afore seem to express something negative, know that they were typed devoid of negative feelings. (In this commentary section I'm trying to reproduce the intuition contained in "Infinite Jest" - Buddhist, BTW - as "This is water" stuff...)'
'My apologies.  I did think you were finding major fault with what DFW had to say, while I think it would help me to keep in mind, regularly.  I really liked his notion that total self-centeredness is our default setting.  That does seem very true of myself, and also seems to be the major issue in our culture.  I'm also interested in the notion of growing my  own awareness - mindfulness - beyond my default setting.
Infinite Jest is at my local library.  I intend to check it out, in both senses of the phrase.  Thanks for not blasting me for giving you advice.' (2 likes)
'Go jelq the big chubby flaccid between your legs m8.'
'Boop'
'well, that was actually a decent discussion on a complex topic. thought I would never stumble upon something like this on youtube' (6 likes)
'fuck the system of fucking the system! ' (1 like)
'It wasn't my intention to make social criticism, but to elaborate a sociological statement on the cultural nature of DFW's audience. 
Part of his literary project is to dissolve borders between high-culture and pop. It's called "nobrow". My suggestion was that to truly grasp the meaning of this "nobrow" in his work one has to be previously "cultivated", i.e. highbrow in education and probably taste. If you see this only as a form of protest, see the video again, viz. the part where people applaud before DFW says "that's how not to think!".' (7 likes)
'literally eat shit and die' (3 likes)
'I was about to TRY and say something moderately intellectual, but because I am a 'nobrow' I can't muster anything more intellectual than eat shit and die.' (1 like)
'sorry r34 it wasn't my intention to be a complete twat, but just to state that the bourgeois nature of your comment is but a flattery of the middleclass nature of conformity, in so much as that it is its very nature a contradictory term that in the circumstances requires much debate....thats what you you sound like, a twat.' (2 likes)
'That's not the point. There is a contradiction in the nobrow culture advocated by DFW. Isn't it a development of the highbrow? Young people being cool intellectuals...'
'You're right, being DFW's biographer, you're well aware of how difficult his life was and the struggles he grappled with... When people criticize stuff like this on the internet, there's a 90% chance they're projecting their own perceived shortcomings onto others. You are not the 10%. Good luck out there boss.' (2 likes)
'Of course this is my reading on this speech's content, with the correlation found in Infinite Jest. Thank you Mr. Psychologist, for the brilliant statement on the nature of most people's views. In the future I'll try to enter this Olympus of objective analysis, and avoid the influence of my past life, because this is for losers. sigh'
''*tips fedora*' (2 likes)
'It's not new capitalism, it's our culture digesting collective self-hatred within and inherent to capitalism. The inverse of dignity.' 
'Well put. I'd say the difference lies in the status of those cultural outputs of self-hatred. Instead of being seen as an outsider, a counter-culture protagonist, DFW is just an intelligent guy with interesting ideas --- do we who enjoy him share anything else?'
'In my opinion, when it comes to the 'real world' (as DFW seemed to phrase it through a cringe and gritted teeth) nobody should be viewing anyone as a protagonist through any superimposed projection. This is the sort of idolatry I think we are being warned against in his address. Who the message speaks to is almost irrelevant; but you are correct, it would probably not strike gold in the heart of the average working/middle class Joe or Jane who might only be partial to the odd pulp novel on the literary scale. It's almost irrelevant because this is nothing new; the average Rusky-red-blooded proletarian was hardly like to be seen ploughing through the hefty volumes of Marx's Capital leading up to the October Revolution (or whenever) either. Not that we should be silly enough to try and draw a direct comparison of course, I'm just saying that the modern scholarly types are often de facto ivory tower residents and their ideas trickle down our hierarchical societies more in spirit than in print (on the rare occasion they do at all, lest you have a good pamphlet). This is no problem here, DFW was not a demigod or counter-cultural iconoclast and did not aspire to be - however willing others were to build such a self satisfying effigy or whatever. But when he was on form he could hit a note that certainly resonated deeply in audiences fortunate enough to have had the privilege of a decent education and the rudiments of a certain world wariness. The humanity of that note could certainly carry a young slacker some way towards becoming a decent human being, who could then transmute those values towards others; this is ultimately what any decent writer would be thrilled to aspire to.' (1 like)
'wow, you are trying way too hard'


domingo, 8 de março de 2015

2 Points of Infinite Jest

This amazing 1,000-page book by David Foster Wallace crosses many themes surrounding a gapful plot. There are many theories on the Web about what "really" happens within the narrative breaks that are constant and ultimately leave us to confabulate important pieces of the story.

Two points that I haven't seen elsewhere which I believe are very important:

1. The ordinariness of the extraordinary - Hal Incandenza's communication problem.

The first chapter is in the ending of the chronology and is a kind of fuel towards reading the whole book. What the fuck happened to Hal that he can't communicate anymore? Two mainstream theories blame the mold he ate as a kid and/or the DMZ brainfucking-drug. They are plausible theories and the facts that point to them are indeed interesting. See for instance this.

However, one thing that came to mind is on page 966. It stroke me as a blast when I read it, and it was for me the final answer: I loved the simplicity:

"Hal before a match usually had a wide-eyed ingenuish anxiety of someone who's never been in a situation even remotely like this before."

Hal gets nervous in social situations where something is expected of him. He fears his brother's and mother's opinion. He is weird when the people are watching him play against Stice and before the Gala which is an important event. Finally the College admission, where Uncle Tavis and DeLint and everybody else is expecting success from him.

Simply as that: Hal is a shy guy and unprepared for the exterior world, having been alienated at E.T.A. since age seven.

2. The "romantic" message of the beginning and ending.

DFW was very reader-aware. He must have known that the reader somewhere before the final page stopped and realised that the book was going to end in Gately's digression and "dream" of the death-party of Facklemann. It is a book ending, no matter the plot's structure. 

In this part, I realised that this final story was about Gately getting an anti-narcotic shot. A powerful drug that make people lucid. He was goddamn high before this and everything was his mind getting loaded of Dilaudid.
Maybe DFW was saying that the book was a huge trip. Not very different from getting comfortably numb with drugs. It is a kind of drool, though intellectualish. The nobrow atmosphere of the book supports this. Entertainment's function is to entertain, no matter the nature of it. High-art, mass-sports, whatever - the point is to be comfortable with the moment.

The last two paragraphs are about the anti-narcotic kicking in. Gately starts getting lucid, not before seeing a nightmare of drug-addiction and effects of "Party Time". Lucidity brings him to a beach, a bucolic ending and simple as that. No more info.

This is an Epicurean message. Life is about the pursuing of moderate Pleasure. Moderate. People can't be consumed by objects, the way so many characters of IJ are. Even Mario is alienated! (Though less than others...)
Lucidity takes Gately and the reader to a beach, where Gately is simply being.

It's a very sad ending, because we know what will happen to him. He'll become addicted to rehab...

Nevertheless there is a romantic message - of how modern world kills people's souls. We can't be, we need to cling our living to objects.
Related to this and even more sad is what happened to Hal. He developed this romantic individuality.

"I am not just a boy who plays tennis. I have an intrincate history. Experiences and feelings. I'm complex." (p. 11)

Nobody in the room understands him. They represent society. Society crushes individuality. It wants robots, "Fourier Transforms of postures and little routines" (p. 966).

So, the beginning of the book is a pessimistic view of romanticism and the ending an optimistic one. What are the consequences of this upward message residing in the last sentence?

'...'

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Infinite Jest's reference to H.P. Lovecraft

I have just found a nice reference in David Foster Wallace's post-modern novel Infinite Jest to other great writer who I'm very fond of, H.P. Lovecraft.

It's located between page 648 and 651; the scene is on November 13th, YDAU - Kate Gompert & Geoffrey Day discuss It. Day tells Gombert that he had also experienced depressive phenomena in his own way. At first sceptic, Kate increasingly pays attention to his tale, as it is a very similar to how she expresses her suicidal feelings.

First I thought about Lovecraft due to Day's terms along with first-person style:

As the two vibrations combined, it was as if a large dark billowing shape came billowing out of some corner in my mind [...]
Katherine, Kate, it was total horror. it was all horror everywhere, distilled and given form. It rose in me, out of me, summoned somehow by the odd confluence of the fan and those notes. It rose and grew larger and became engulfing and more horrible than I shall ever have the power to convey. I dropped my violin and ran from the room. [...]
It was a bit like a sail, or a small part of the wing of something far too large to be seen in totality. It was total psychic horror: death, decay, dissolution, cold empty black malevolent lonely voided space. It was the worst thing I have ever confronted.

Furthermore, this horror is conveyed by a specific vibration of Day's violin mixed with the particular sound of a fan's blow's resonance in the window's glass. This reminds of Lovecraft's short story, The Music of Erich Zann.
Finally, in this scene we know that Day has attended Brown University in Providence RI - Lovecraft's beloved homeland, where he spent most of his life.

As I progress in Wallace's epic 1070-page prose, he continues to impress with his multitudinous display of styles and themes. I'd never guess that Lovecraft would be referenced, though it's pretty clear there are no unreasonable expectations for what will come next in this familiarly weird novel - Infinite Jest.





quarta-feira, 2 de julho de 2014

Citação de Piada Infinita[PT] (Infinite Jest) David Foster Wallace

[o contexto é bem bizarro, um espião transsexual conversa com um terrorista separatista de cadeira de rodas, em um deserto perto de Tucson, EUA]

"- E se algumas vezes não há escolha sobre o que amar?" E se o templo vem a Maomé? E se você apenas ama? sem decidir? Você apenas o faz: você a vê e naquele instante perdeu a sóbria calculabilidade e não pode escolher senão amar?
A fungada de Marathe continha desdém:
- Então em tal caso seu templo é o ego e sentimento. Aí nessa instância você é um fanático do desejo, um escravo dos sentimentos individuais subjetivos do seu ego estreito; um cidadão de nada. Você se torna um cidadão de nada. Você está por si mesmo e sozinho, ajoelhando para você."